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O primeiro morto

por João Filho

 

Não houve um Éden.

A carne é perversa

não porque fomos expulsos.

O mais duro em nós.

– Os ossos? Não.

A fé. 

 

Toda coisa esconde sua sombra,

desimporta o que aplicares –

práxis ou contemplação,

não se revelam,

impondo existimos.

Movimento, talvez espúrio,

ao que imaginamos e

ao encontrado. 

 

A carne da fogueira inicial

não alimentou o primeiro morto.

O que perdemos pelo caminho?

O caminho?

 

A gravidade patética.

Horror que gera melhora.

O oxímoro e o paradoxo.

Purula e sana. 

Memória e sonho ibidem.

(Sono e morte, não).

 

Continua o Diáfano a dizer:

– Matéria é desespero.

Nomear é modo de menos morrer.

Por isso pomos sapatos, rimos, cumprimentamos,

aquilo do humano acumulado,

do imprestável e do

imprescindível. 

O que nos legou o primeiro morto?

Saber que as almas envelhecem?

É pouco.  

 

 

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