Não foi apenas a Virada Cultural sob a gestão João Doria (PSDB) que foi esvaziada no centro de São Paulo neste final de semana, o fluxo contínuo de comércio e consumo de drogas, em especial o crack, em diversas ruas na região da Luz, no centro de São Paulo, foi esvaziado e espalhado por uma vultuosa operação militar no início da manhã de domingo, 21 de maio.
Os usuários e traficantes que circulam e moram pela região, conhecida como Cracolândia, foram expulsos por 900 policiais fortemente armados, veículos blindados, helicópteros, atiradores de elite e cães. Dezenas de pessoas foram presas por tráfico de drogas, além da apreensão de armas e drogas — centenas de usuários se espalharam pela região central e outros foram transferidos para o complexo Prates, no Bom Retiro, onde estão dormindo ao relento. A operação serviu também de palco para um fim espetaculoso do Braços Abertos, programa da gestão Fernando Haddad (PT) que visava a redução de danos dos usuários e oferecia moradia em hotéis na região, e a sua substituição pelo projeto Redenção, que prevê a internação compulsória em alguns casos.
Essa intervenção, no entanto, não busca apenas expulsar os traficantes de drogas e alterar o modelo de abordagem aos usuários, mas significa mais uma tentativa dos poderes municipal e estadual em abrir espaço para a revitalização do centro de São Paulo por meio de uma profunda intervenção sustentada pelo tripé mercado imobiliário-mercado financeiro-Estado. A última tentativa aconteceu no início de 2012, quando a Operação Sufoco da Polícia Militar e o Projeto Nova Luz de requalificação urbana, do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) tentaram, sem sucesso, redesenhar a paisagem do local.
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