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A esperança não morreu, por Jorge Nóvoa

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Este poderia ser o título do documentário realizado pelo Canal Arte de Televisão francesa, Brésil, le grand bond en arrière (Brasil, o grande salto para trás). Eis um muito bom documentário sobre o Golpe de Estado no Brasil, o fenômeno da corrupção, os movimentos sociais dos estudantes, dos sem terra, dos sem teto. Tristeza aparece, as decepções, as orquestrações golpistas na América Latina, mas também a esperança. Ele procura, sobretudo, informar e de uma forma independente. E consegue ser quase preciso. Ocorrem alguns deslizes, como por exemplo, por exemplo, considerar a Folha de São Paulo como um Jornal Liberal que não apoiou o Golpe, porque eles não consideraram que houve Golpe contra a ex-Presidente Dilma Rousseff, vez que o Impeachment foi realizado supostamente “respeitando” a Constituição. A Folha de São Paulo foi agente ativo da articulação do Golpe de 1964 e, como a Globo de Televisão, aprendeu a se comportar de forma extremamente ambígua e dissimulada. Isto não ficou muito claro no documentário. Por exemplo, ele mostra Boulos, líder do Movimento dos Sem Teto que escrevia para a Folha de São Paulo, toda semana. Ele foi cortado depois do Golpe.
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O filme mostra, também, a influência das Igrejas Evangélicas e dá voz aos grandes produtores do agronegócio no Brasil, assim como o Movimento de Ocupação das Escolas que mobilizou estudantes de norte a sul do país, estudantes do secundário e das Universidades. Embora tenha tentado mostrar o trabalho dos agentes da denominada Operação Lava Jato, deixa isto em um grau de superficialidade considerável se levar em conta o papel central e seletivo que esta Agência tem tido em transformar “delações em provas”. A forma espetacular que tudo isto é mostrado pela Rede Globo e a seletividade utilizada por estes dois atores sociais e da forma como tratam os corruptores e delatores transformados quase em heróis. O direito civil e elementar de “presunção de inocência” garantido na Constituição desaparece na conjuntura atual.
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Outra coisa que passa completamente em branco é a semelhança do processo brasileiro com o que ocorre em outras partes do planeta, inclusive na Europa e na própria França. O neoliberalismo conseguiu unificar mais que as grandes linhas da economia e da política no planeta. O ideal republicano e democrático vem sendo sepultado por uma encenação universal do politicamente correto que justifica tudo. Nesse sentido o documentário deixa muito a ideia de que é um processo brasileiro e latino-americano.
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Acesse e assista ao filme. Há versões em outras línguas também.
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