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A Lenda de Sundiata Keita e a fundação do Mali

 

Will Eisner, cartunista estadunidense, reconta em “Sundiata, o leão do Mali: uma lenda africana“, uma das histórias sobre a origem da nação do Mali em quadrinhos. A obra retrata o período do início do século XIII, quando o poderoso rei de Sasso dominava os habitantes de pequenas aldeias situadas às margens do rio Senegal, no oeste da África. Sumanguru, que detinha poderes mágicos, expandiu suas conquistas sobre o povo de origem malinqué, formado por mercadores de sal e ouro, que vindo do grande deserto se instalara e fundara sua nação às margens do rio Níger, ao sul de Koumbi Sahel.

O povo desta região viveu subjugado por Sumanguru durante anos de opressão e crueldade, até que um jovem príncipe malinqué, de nome Sundiata, liderou seu povo e conseguiu derrotar as forças de Sumanguru. A lendária batalha de Kirina resultou na extraordinária vitória conquistada pelo povo do Mali, que conseguiu lutar contra os poderes mágicos do vil rei e retomar o poder sobre sua terra. Surgiram então inúmeras lendas de Sundiata narradas oralmente pelos griôs, contadores de histórias africanos. Existem pelo menos 30 versões sobre sua saga e esta é uma delas.

O Olho indica também o filme “Keita! L’héritage du griot” (Dany Kouyaté, 1966), que traz à tona o antagonismo entre o conhecimento histórico ensinado nas escolas e aquele conhecimento da memória histórica preservada pela oralidade e passada pelos pelos integrantes mais tradicionalistas das tribos. Tendo como catalisador as releituras da lenda de Sundiata, o filme fomenta o debate acerca do valor da tradição na sociedade moderna. Lembramos que hoje o Mali – no quadro das nações africanas –, adquiriu uma centralidade muito grande, por um lado em consequência da atuação de organizações militares e paramilitares islâmicas que tem avançado no território malinês, e por outro lado como consequência da política “neocolonial” implementada pelo governo francês de François Hollande.

Por Sofia Reis
Secretária de Redação e Executivo
Revista O Olho da História

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