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Lançamento em Salvador de “Cinema e cordel, jogo de espelhos” de Sylvie Debs

 

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Na sexta-feira, dia 26 de agosto de 2016, Sylvie Debs fará uma palestra e lançará, em Salvador, seu mais novo livro, Cinema e cordel, jogo de espelhos, na Faculdade de Comunicação (FACOM-UFBA) às 10h00.

 

APRESENTAÇÃO  por Geraldo Sarno (cineasta)

Este livro de Sylvie Debs, estudiosa atenta do cinema nordestino, segue caminho singular nos estudos do cinema brasileiro. Em tempos de exaltação de valores e modelos de mercado, Sylvie investiga outras trilhas: as relações do cinema com formas tradicionais de expressão artística do povo brasileiro.

A poesia popular do Nordeste, escrita em folhetos de cordel ou improvisada nas cantorias, tem inspirado, ao longo de décadas, o nosso cinema. Não apenas por meio dos temas que divulga, mas, também, e sobretudo, das formas pelas quais essa poesia se expressa. Estes artistas são portadores de uma essência ancestral que não se esgota, embora se transforme. É o que estamos assistindo em nossos dias com a parceria do rap e da embolada. Talvez um dia o cinema filme como os cantadores cantam.

A relação entre cinema e poesia popular não se fez apenas por meio da busca de temas tradicionais do cordel, como o cangaço ou a comédia pícara. A aproximação mais rica se fez pela linguagem. E é aqui que este livro de Sylvie Debs, fina conhecedora das coisas do sertão e do cinema, abre caminhos que cabe ao leitor palmilhar.

 

ORELHA DO LIVRO

A Dra. Sylvie Debs afirma que o seu interesse específico pela região Nordeste nasceu em 1993, quando leu as primeiras linhas do romance de Mario Vargas Llosa A Guerra do Fim do Mundo. Essa leitura imediatamente nela evocou as imagens dos filmes de Glauber Rocha, única referência que possuía do cinema brasileiro, fazendo-a tomar a decisão de conhecer e estudar o sertão. Foi assim que, alguns anos depois, defendeu sua tese de doutorado (Universidade Le Mirail de Toulouse – França) sobre cinema e literatura brasileira, quando teve a oportunidade de conhecer as obras de Euclides da Cunha, Mário de Andrade, Raquel de Queiroz, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, passando pelos grandes intérpretes do Brasil (Sérgio Buarque de Holanda, Paulo Prado, Gilberto Freyre), até chegar aos filmes de Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha, Ruy Guerra e à chamada Retomada do Cinema Brasileiro, com Walter Salles, José Araújo, Paulo Caldas, Lírio Ferreira e Rosemberg Cariry. Durante esses estudos, em intervalos regulares, Sylvie Debs foi encontrando traços da cultura chamada “popular” ou “tradicional”.

Nessa ocasião, ela deu-se conta da existência de possível corpus temático sobre a relação entre o cinema e a literatura de cordel. Fascinada por essa descoberta, começou a abordar o tema em ensaios e críticas publicadas em revistas especializadas. Depois de duas edições brasileiras do seu livro de estreia Cinema e Literatura no Brasil – Os Mitos do Sertão: Emergência de uma Identidade Nacional, ela escreveu um ensaio sucinto intitulado Cinema e Cordel: idas e vindas entre a imagem e a letra, que estabeleceu uma tipologia de relações entre o cinema e a literatura de cordel. Diante da boa repercussão desse trabalho nos meios acadêmicos e, sobretudo, nos meios cinematográficos e da crítica especializada, ela resolveu prosseguir com esse campo de pesquisa. Em 2005, fez uma viagem de estudos para o Brasil, notadamente para a região Nordeste, podendo assim ampliar os conhecimentos adquiridos nas pesquisas que realizara para a elaboração da sua tese de doutorado, na segunda metade da década de 1990, quando acompanhou e estudou os filmes da Retomada do Cinema Brasileiro.

Ao lançar este primeiro volume da série sobre Cinema e Cordel, a Interarte e a Lume Filmes acreditam estar contribuindo para alargar e aprofundar o (re)conhecimento da importante contribuição das culturas populares às artes brasileiras, notadamente ao cinema brasileiro, em uma época em que os preconceitos terminam por sufocar completamente a riqueza e a diversidade dessas manifestações, herdeiras de povos e culturas, de diversos países e de diferentes épocas.

 

Leia a resenha de Marco Túlio Ulhôa, publicada na Revista de Estudos de Cinema e Audiovisual.

 

 

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