A socióloga Caroline Gomes Leme escreveu este estudo inicialmente como dissertação de mestrado e foi premiada no Concurso Brasileiro ANPOCS de Obras Científicas e Teses Universitárias em Ciências Sociais, edição 2012. Acabou por publicá-lo na forma do livro intitulado “Ditadura em imagem e som: trinta anos de produções cinematográficas sobre o regime militar brasileiro”.
Baseando-se na análise da filmografia brasileira sobre o regime da ditadura militar, a autora observa o comportamento da sociedade civil, da direita e da oposição ao golpe no referido momento. Mantendo o enfoque sobre a análise da violência e tortura representadas nas películas, ela escolhe estudar não aquelas produzidas no calor do pós-golpe, mas as produzidas a partir do momento da abertura política após a revogação do AI-5 em 1978 e da sanção da Lei de Anistia em 1979, quando se pôde exprimir pontos de vista mais diretos a respeito da ditadura.
A autora subdivide cada capítulo em duas sessões, panorâmicas e closes. Na primeira traça um panorama, observando de forma mais abrangente cada obra afim de identificar as tendências e subjetividades comuns entre as produções. Na segunda determina um enfoque, uma análise mais detalhista, considerando o contexto e as condições de produção, explorando os elementos extrafílmicos como a repercussão do público e a crítica, citando até mesmo os pareceres da censura como resposta do governo militar a essa forma de manifestação. O método utilizado proporciona uma reflexão crítica de profundidade, que examina as visões a partir de dois diferentes ângulos, de dentro para fora e de fora para dentro.
Ao mesmo passo, a socióloga costura a essa análise o impacto que o período imprimiu nas gerações subsequentes. Como a sociedade, e em especial a geração pós-golpe, lida com o assunto? Essa é considerada a mais rica contribuição da obra.
Por Sofia Reis
Secretária de Redação e Executivo
O Olho da História