O Olho da História Laboratório de Reflexão Transdisciplinar
O que hoje parece hoje uma sabotagem da escola – supressão de salas, redução no número efetivo de professores e esgotamento da profissão docente – não é suficiente para caracterizar a transformação histórica da escola. Isso não só desempenha uma função no capitalismo, como mostrado por análises críticas da década de 1970: ela se dobra no interior de uma norma social do capitalismo. A “empregabilidade” é o princípio e objetivo da normatização da escola, sua organização e sua pedagogia. A escola gradualmente se torna um sistema hierárquico de empresas produtoras de “capital humano” a serviço da “economia do conhecimento”. Destina-se menos a transmitir cultura e saberes que valem por eles mesmos, que de fabricar indivíduos aptos a se incorporar na máquina econômica. Os efeitos desiguais de concorrência, a mutilação cultural introduzida pela lógica de “competências” ou a crescente proletarização do ensino no mundo, revelam a perda de autonomia da escola em relação ao novo capitalismo e às lutas de classes sociais em torno do desafio escolar.
La nouvelle école capitaliste é um livro de luta e de teoria, onde os autores renovam a sociologia crítica da educação, incluindo as mudanças institucionais nas escolas e nas universidades, naquelas do capitalismo contemporâneo. Os autores pretendem, assim, dar a todos aqueles que se sentem em causa por esta problemática eminentemente política, as ferramentas de análise para construir uma alternativa convincente e decisiva.
Autores: Christian LAVAL, Francis VERGNE, Pierre CLÉMENT, Guy DREUX.
Paris, La Dévouverte, 2011.
Não faltam manuais de história do pensamento sociológico. Mas, raras são as obras que propõem uma interpretação e uma discussão sistemática do conteúdo do pensamento central da sociologia, e que se perguntam, porque surgiu, no século XIX, um tipo de discurso sobre a relação social que não era mais o da filosofia ou da economia política. A grande força do livro L´ambition sociologique, de Christian Laval (Gallimard, 2012) é mostrar que todos os sociólogos clássicos tinham em comum enfrentar o desafio da economia política. Eles perceberam a encarnação, por excelência, do espírito científico aplicado ao estudo da história e da sociedade, historicizando as categorias que os economistas tendiam a naturalizar.