O mito bolchevique está exausto. Somente regimes sinistros e algumas seitas, agarrados a emblemas, rituais e fórmulas secas, continuam hoje tornando-os uma referência de identidade. Por que, então, ainda recuperar esse tema? A repressão desta história poderia nos cegar sobre a persistência de práticas herdadas diretamente do bolchevismo: o verticalismo aberto ou oculto em benefício de um líder, o culto do Estado-nação, a obsessão com a conquista do poder pela insurreição, a recusa da democracia e autonomia das formas de auto-organização, todos elementos que formam o que podemos chamar de “sombra de outubro”.
A conquista do poder pelos bolcheviques foi uma catástrofe para o movimento operário e para a própria história da emancipação. Deve ser melhor entendido em sua lógica profunda. Do partido soberano ao estado nacional houve continuidade: o bolchevismo foi o ponto culminante de fanatismo e delírio da doutrina ocidental da soberania do Estado. Voltando as costas a este comunismo estadual, uma política do COMUM está sendo inventada hoje que se renova com outras experiências revolucionárias e implementa o princípio democrático do governo autônomo.
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O Olho da História Laboratório de Reflexão Transdisciplinar
