A contribuição do livro de Francisco Brito para a compreensão da expansão do turismo na Bahia e, em particular, no litoral norte do Estado, é parte do esforço maior de uma equipe interdisciplinar envolvendo pesquisadores da UFBA e da Universidade de Estrasburgo (França). Coube a Francisco, a investigação de uma comunidade à qual foi atribuído o direito de ser quilombola, sem, no entanto, obter o título de terra. Ao longo de seu texto somos remetidos à gênese da formação da propriedade privada destas terras, durante séculos sob a administração da família Ávila, à sua apropriação já no século XX por um empresário paulista, e por fim, à sua integração no circuito turístico.
Observamos como o autor inter-relaciona o turismo internacional com a inserção do litoral norte neste roteiro. A localidade de Praia do Forte, simboliza este novo turismo, ao abrigar, ao mesmo tempo, uma superpopulação em tempos de férias e exercitar a prática ecológica do cuidado com as tartarugas. Para além da observação do pesquisador, ainda temos a chance de ouvir os moradores que relatam a vida anterior, os conflitos que vivenciaram para permanecer na terra, as negociações políticas e a situação de insegurança na qual se encontram, empobrecidos em meio ao sucesso turístico do litoral norte. Enfim, amparados no autor, poderíamos perguntar: quais sujeitos que, de fato, se beneficiam com esta expansão turística?
Antônio da Silva Câmara
O Olho da História Laboratório de Reflexão Transdisciplinar
