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Ao amor e o medo

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Série Viola Rasteira de Lucas Virgulino, 2013.

Pavor de quem amo, será este sentimento algo que beira o natural? Pavor não de algum malefício real que essa pessoa possa trazer, ou do sofrer carnal que ela venha a lhe causar. Mas o medo de não ser querido, do mentir e do não ter ela, a reciprocidade da intensidade no sentimento.

Vamos ao amor. Que venha este assim ocasional, como o sol furtivo que permeia a sala e traga a escuridão, tomando de calor o coração e alma; presentei com a insanidade e destrua a calma, buscando a qualquer custo o objeto do seu querer. O amor é também divino, pois…”Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. É ainda carnal: “Para o sexo a expirar eu me volto, expirante”. Há por fim o nosso amor: “Faria a ti, minha amada inspiração, os mais belos versos, músicas, poemas e, acaso aborreça-te destes, trocaria as palavras, as notas, os temas.”

Mas há os nossos medos. E tomando-me por Fausto de Goethe. Recito:

– “Aí vindes outra vez, inquietas sombras?”

Vamos ao medo. Ele vem na mesma furtividade do sol! Mas ele não clareia e sim abre as feridas de outrora. Então abutres se lançam aos pensamentos abarrotando-os de dúvidas e vertendo a dor de antes.

O que tem a nosso favor então?

Aqui só temos medo e amor, amor e medo.

Certeza!

Sim, a certeza.

Certeza quanto ao que sinto e ao que sei que sentes por mim.

Certeza quanto às palavras que trocamos amavelmente nos rompantes de felicidade juntos.

Certeza de um futuro que há de vir e de um presente que está acontecendo.

A CERTEZA é maior que o medo, que a solidão ou o amargo de um passado lá de trás. A maior certeza está em nossos olhares, em nossos beijos, em nosso estado de clareza regado por tua beleza e minha calma, pela sua graça e honesta alma pelo que há de nos guiar vida adentro. E como o vento vem soprando nosso querer, que se torne tempestade soprando sem se ver, como verdade que contamos sem perceber. Como o amor e a certeza, como eu e você.

Segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Matheus Lima

 

 

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