
Teca Barreiro, nascida baiana e vivendo na Espanha desde os 18 anos, é uma mulher forte e de presença marcante. Como Perséfone, ela desceu ao mundo dos mortos, provou do fruto proibido, o romã, e voltou ainda mais forte e cheia de vida. É impossível não ser impactado por seus poemas e a forma singular como os lê.
“Debo confesar que me impactó su forma de leer poesía, el timbre de su voz, español- portugués, la expresión, el tono con el que pronunciaba cada palabra, el entusiasmo, la atmósfera. Cómo era capaz de crear el fenómeno poético, parecía que estaba enamorada de la poesía”, diz Rosário Valcárcel, sensibilizada com a forma original e com que Teca leu o poema Encuentro con el pasado.
Encuentro con el pasado
las raíces del ser se ocultan
tras la ventana rota
la vieja cortina
eclipsa la silueta del paisaje
Ir hasta el fondo del pasillo
de esquinas oscuras
sentir el miedo frío
en la carne distante
la herrumbre en las verjas
de los sueños olvidados
la niña tiembla de duda:
huir con los ojos cerrados
o sonreír a los fantasmas sin rostro.
El pasado es un circo
con payasos dormidos
y sin público
un sunami que inunda
la playa de algas secas
y viejas caracolas
nidos de mar petrificados
por la salitre del tiempo.
No hay vuelta atrás.
Encontro com o passado
As raízes do ser escondem-se
detrás de janela quebrada
a velha cortina
opaca silhueta da paisagem.
Ir até o fundo do corredor
de esquinas escuras
sentir o medo frio
na carne distante
a ferrugem nas grades
dos sonhos esquecidos
a menina treme de dúvida:
fugir com olhos fechados
ou sorrir aos fantasmas sem rosto.
O passado é um circo
com palhaços adormecidos
e plateia vazia
um tsunami que inunda
a praia de algas secas
e caracóis envelhecidos
ninhos de mar petrificados
pelo salitre do tempo
Não há volta atrás.
Salvador, maio de 2005.
O Olho da História Laboratório de Reflexão Transdisciplinar